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Saturday, 4 July 2009

Um plágio com gosto

Um amigo e camarada escreveu uma crónica num jornal que julgo não ser de expressão digital pelo que a transcrevo a seguir, neste post por concordar em 100% o que o meu amigo Manuel Martins escreveu. Bem haja a todas as pessoas que não andam distraidas.

" PEDRA SOBRE PEDRA





“Nós morremos quando desaparecem

as últimas pessoas que ouviram falar de nós”.



(António Lobo Antunes)





l. A poucos meses das eleições autárquicas, deixem salientar em nome da minha consciência cívica (também partidária), o exemplo do Presidente Pereira Júnior, que é um dos homens bons de Paredes de Coura e que vai avançar para a última candidatura autárquica que a actual Lei permite. É um autarca exemplar, de trato modesto e grande simplicidade, mas com a capacidade de “entesouramento” do silêncio que as terras de Coura lhe dão para poder ser ponderadamente eficaz. É um líder capaz de encontrar soluções, indicar caminhos e fomentar entendimentos.

Estou certo que os Courenses saberão, uma vez mais, ser reconhecidos para com este autarca exemplar e para com um homem de elevado perfil cívico e moral.


2. A funcionária do Posto de Turismo de Paredes de Coura, é um exemplo da pessoa certa no lugar certo - pela dedicação e pelo amor que revela à sua terra que muito bem sabe divulgar.

Com disponibilidade e solicitude, ela divulga o que consegue catalogar e recolher, dá a conhecer (sem infantilizar) tudo o que sabe aos “turistas” que visitam as terras de Coura, com simpatia - é a cultura do linho, é a disponibilidade para mostrar o seu bem organizado arquivo sobre Aquilino Ribeiro, etc., etc., que a tornam a par do seu profissionalismo, da sua simpatia e da sua dedicação, uma “imagem de marca”, distinta,dos courenses que ela ali representa, em relação a todos os que nos visitam e que com ela contactam.


3. Eu sei, em escala diferente, quanto pode ter custado a Sócrates passar uma noite eleitoral no Jardim das Oliveiras, com os ombros carregados com estes resultados eleitorais que deve ter entendido serem um atentado eleitoral contra si e contra o PS.

Penso também que os mesmos não são justos, mas em democracia os eleitores têm sempre razão.

Depois de dois primeiros anos de uma excelente governação logo se seguiu uma crise económica e financeira sem memória recente que, teve como consequência principal, o desemprego que “disparou”. Simultaneamente a aplicação de medidas estruturais mal explicadas e que não “envolveram” os agentes que as devem aplicar, são certamente as causas principais destes resultados eleitorais. Mas também é preciso ver mais longe para perceber outras causas do que aconteceu - a ausência atempada de uma mais que necessária remodelação governamental profunda; a oficialização da cultura do silêncio (um Partido que se feche em si morre por si) que tem vindo a ser imposta aos mais lúcidos militantes do PS, “glorificada” no último congresso; o anúncio para o próximo programa eleitoral do PS, ipsis verbis, da questão do casamento dos homossexuais em vez de um novo contrato de união civil; o permitir a acumulação de candidaturas autárquicas (simultaneamente) com candidaturas à Assembleia da República (como já aconteceu nas europeias); a não transmissão da verdade dos factos e da dimensão da crise de forma clara; o não mandar calar os ministros que insistem no exagero de vender estatísticas e ilusões; o não perceber que os portugueses questionavam não só esta forma de fazer política, como a falta de humildade expressa por figuras principais como José Lello, ao considerar estas eleições “a feijões” (dixit. DN, 11 de Junho).

É também necessário, no PS e no Governo, um combate sem tréguas pela honestidade, um combate contra a decadência moral e cívica, pela recompensa ao mérito. O Governo do PS deve saber que em momentos de crise económica o abaixamento de critérios morais no exercício de funções públicas só pode ser combatido pelo bom exemplo que é sempre a chave para um esforço colectivo da recuperação do país – e neste aspecto, salvaguardando sempre a presunção da inocência a que todos têm direito, nem tudo tem estado bem com a crónica lentidão da justiça, ou pela cobertura dada a comportamentos de determinados “actores”, ou o ter colocado o cabeça de lista à Europa a atirar pedras ao vizinho do lado, esquecendo-se que o PS tem telhados de vidro ainda à espera de serem “protegidos” pela verdade legal.

Penso que Sócrates e o PS ainda têm condições e tempo para dar a volta a estes resultados para bem dos Portugueses, embora também saiba que a memória em política é sempre muito curta – e já poucos se lembram da herança recebida do Governo do PSD!

Mas Sócrates, com a motivação invulgar e a coragem que tem demonstrado possuir, está talvez, melhor do que ninguém, em condições de liderar um governo que continue as reformas e combata a crise e o desemprego com elevado sentido social, tomando decisões e opções estratégicas fundamentais, que permitam inverter a situação existente. E se assim acontecer será a primeira vez com mérito que um Partido que perde as eleições europeias ganha de seguida as legislativas.

Se o PS quiser ser verdadeiro, voltará a ser respeitado, mesmo nestes tempos difíceis.


5. O Presidente da República, Cavaco Silva, corrigiu um erro que cometeu enquanto primeiro-ministro, ao homenagear no Dia de Portugal o capitão de Abril, Salgueiro Maia.

Em 1988, o então primeiro ministro Cavaco Silva não atribuiu a Salgueiro Maia uma pensão, que foi pedida por esse “capitão de Abril” pelos “serviços excepcionais e relevantes prestados ao país” aquando da sua participação no 25 de Abril, e da qual não obteve resposta.

A falta de resposta veio a público três anos depois, quando Cavaco Silva concordou com a atribuição de pensões a 2 ex-inspectores da Pide.

Foi então António Guterres, em 1995 como primeiro-ministro que atribuiu, já a título póstumo, uma “pensão de sangue” à viúva.

A correcção destes erros de percurso é saudável para a democracia portuguesa – podem até servir de exemplo a outros detentores de cargos públicos.

Igualmente importante foi o facto de, no dia seguinte às eleições europeias, o mesmo Presidente da República ter decidido vetar as alterações à Lei do financiamento partidário, aprovadas no Parlamento com um único voto contra, do Deputado do PS António José Seguro.



Manuel Martins

Noticias de Coura – Julho/2009"

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